Diz o ditado que quem se preocupa exageradamente em se afirmar como alguma coisa, é porque não é essa coisa. Isso acontece muito em nossa sociedade, pois todos desejam a aprovação social para serem incluídos nos grupos e obter os benefícios que somente o contato permanente com outras pessoas - sobretudo as mais influentes - pode dar.
Anos atrás, tomei conhecimento de dois casamentos bem pomposos, organizados pela elite: o da neta do Jacob Barata, um dos maiores donos de empresas de ônibus do país e outro divulgado nos feed de notícias do Facebook por um amigo não-íntimo, de profissão prestigiada, onde uma amiga deste realizava seu matrimônio. Em respeito a ele e a sua amiga, vou poupar seu nome aqui.
Fiquei pensando nestas cerimônias. Conhecendo as classes mais abastadas, seu comportamento e sua tradicional ganância e desejo de poder e visibilidade, a pergunta que não quer calar é: existe amor nestes tipos de casamento?
Os mais ricos tem um cuidado exagerado com sua imagem. Mesmo não amando ninguém e nem a si mesmos, fazem questão de contrair matrimônio apenas para que complemente a aprovação social para uma sociedade que encasquetou que solteiro é sinônimo de perdedor.
Estamos carecas de saber que na elite, salvo raríssimas exceções, os casais não se amam. Os conjuges não tem preparo psicológico nem personalidade para uma vida romântica, humilde e altruísta. Pessoas bem sucedidas profissionalmente são educadas a não amar ninguém e desconfiar de todos, até por defesa. As mulheres, casam com interesses financeiros, esperando que os maridos paguem os exagerados supérfluos delas. Os homens, querem aprovação social, pois sabem que homem casado é muito mais respeitado e por sexo mesmo (quem não gosta de ter uma gataça em sua própria cama... Hein? Hein?).
As elites estimulam muito o surgimento de casamentos, pois além da troca de favores obtidos com o matrimônio, a imagem de alguém comprometido passa a imagem de alguém com vocação de ser admirado e por isso respeitado. Ninguém está disposto a cultuar, respeitar (e obedecer) um encalhado, alguém que não é "amado". Para a sociedade ainda existe o preconceito de que se um cara não consegue conquistar uma mulher, ele nunca vai conseguir mandar em seus subalternos ou fechar negócios com seus semelhantes. Daí o alto estímulo a ocorrência de matrimônios em sociedades mais abastadas.
Não pensem que existe amor nisso. Amor exige altruísmo, simplicidade, doçura, algo que não combina com a pompa tão comum nas festas da elite. O romantismo presente nos matrimônios das elites é um romantismo estereotipado, falso, da boca para fora, apenas para constar e para iludir os presentes da cerimônia que acham que o amor deve ser manifestado nas aparências e não na personalidade cotidiana dos cônjuges.
A elite é formada em sua grande parte por pessoas que não conseguem amar sequer a si mesmas, que dependem de títulos, de reconhecimento coletivo e de acúmulos de bens para ter auto-estima, e que por isso, não são capazes de amar outras pessoas. É certamente um amor de fachada, que consegue enganar muita gente, mas a mim, não passa de uma boa mentira bem planejada.
Se as pessoas acham que isso é amor, com absoluta certeza, não sabem o que é amor. Usam uma palavra linda para rotular gestos não tão lindos assim. E ainda esperam uma aprovação social, através de uma cerimônia mentirosa, com objetivos gananciosos e nada altruístas. Inventem outro truque, pois a farsa dos casamentos da elite é truque velho, não me enganam mais.
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