O ideal, para a espécie humana, seria o amor livre. Mas somos conservadores por natureza, pois tememos que mudanças radicais em valores sociais estabelecidos signifiquem perda de direitos e privilégios. Para manter o nosso instinto polissexual de acordo com os valores tradicionais que recusamos romper, criamos um troço chamado "casamento aberto".
O casamento aberto existe para que possamos ter a liberdade de termos relações sexuais com quem quisermos, mas diante da sociedade mantermos algum tipo de vínculo com alguém. A vida social é prioridade máxima para a espécie humana - boa parte dos benefícios são obtidos por decisão de outras pessoas, que precisam ser conquistadas - e agradar à sociedade tem muito a ver com isso.
Recentemente, o ator Will Smith declarou que vive em um relacionamento aberto com a atriz e cantora Jada Smith. A atriz brasileira Fernanda Nobre tem postado críticas à monogamia mesmo sendo casada com um homem. Mesmo desejosos de mudanças no mundo, vários homo-afetivos desejam matrimônios e constituições familiares semelhantes ás tradicionais, mesmo envolvendo indivíduos do mesmo gênero.
Curioso que vivemos numa época de falta de romantismo - o romantismo justificaria a formação de casais - e me parece que a necessidade de manter a instituição casamento, mesmo com o desejo de envolvimento com outras pessoas - fala-se inclusive no estimulo e legalização da poligamia, que já chegou a ser crime no Brasil - é uma necessidade de agradar a opinião pública.
A época de neoconservadorismo, onde até mesmo as causas identitárias surgem muito mais para compensara as injustiças sociais do que para mudar o mundo, exige respeito a instituições e valores considerados positivos. A nossa reação natural é a de nunca mudar o mundo mas mudar alguns traços da sociedade, acreditando que pequenas e isoladas mudanças transformam toda uma sociedade.
Manter o casamento aberto e não lutar pelo fim da instituição casamento, trocando-o pelo amor livre, sem qualquer tipo de vínculo entre as pessoas, é um bom sinal de nosso conservadorismo e de nosso medo de grandes mudanças. Acreditamos secretamente que uma mudança radical nos valores e costumes significaria o fim dos nossos direitos e dos privilégios de alguns.
É uma hipócrita contradição, pois desejamos sexo com várias pessoas, mas fazemos questáo de manter um vínculo com uma determinada pessoa, como se nós e essa pessoa fossemos patrimônios particulares uns dos outros, para agradar a uma sociedade que hipervaloriza o matrimônio.
Por isso, a criação do casamento aberto é uma gambiarra bem sucedida que serve para agradar a sociedade como um toso: mantemos a instituição família, mantemos vínculo com uma pessoa, mas poderemos "trepar" com qualquer uma, agradando tanto à parte da sociedade metida a progressista, quanto a parte assumidamente conservadora, que se tranquiliza diante da manutenção das instituições.
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