O que é abstrato só pode ser justificado de forma subjetiva, através de palpites. Como o abstrato nem sempre é real, mas fascina todo mundo, muitos chegam, cada um com a sua teoria delirante, frequentemente conflituosa com o mundo real, para tentar definir o indefinível. O que a maioria das pessoas chama de "amor" é uma dessas coisas abstratas, frequentemente justificadas através de achismos.
O amor, que deveria ser tratado como um sinônimo de altruísmo, acabou sendo usado como justificativa para qualquer motivo que faça com que os casais se unam e se estabilizem. Mesmo que os motivos sejam os mais diversos possíveis, incluindo o moralmente reprovado interesse financeiro, as justificativas sempre usam a imagem fantasiosa e romantizada do amor.
Estas justificativas não raramente lançam mão de estereótipos consagrados pelas obras românticas de ficção, tentando enxergar nobreza em algo que é tão banal e comum. Afinal, é bonito para muitos estarem cada um ligados a outra pessoa - como se uma pessoa pudesse ter outra como seu "patrimônio", um costume que mais de 90% das pessoas não conseguiu se livrar.
Mas analisando muito bem, o que as pessoas chamam de "amor" na verdade, é a empolgação inicial, comum a toda vez que alguma novidade se instala em nossas vidas. Seres humanos são fascinados por novidades e o início de um relacionamento sempre traz aquela empolgação que para ser nobremente justificada, costumamos chamar de amor. Mas não é amor. È pura empolgação mesmo.
Com o relacionamento transformado em rotina, esta empolgação acaba e costumamos dizer que "o amor acabou". Ou quando conseguimos fazer durar o relacionamento sem esta empolgação, pegamos emprestado o nobre nome do amor e damos a outras coisas. Até mesmo para o enchimento de saco em ter que suportar uma mesma pessoa todos os dias, damos o nome de amor.
Tudo para dar um caráter nobre a algo tão banal. Mas é lindo cada pessoa ser dona de outra, não acham?
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